Via-a ontem, deitada sobre aquele leito branco de cetim, rodeada de flores. Uma simples blusa às flores, uma saia castanha. Gordinha, até. E parecia rosada. Tão quieta que mais parecia uma pintura sua do que o seu corpo. Foi o que mais estranhei. Vê-la tão sossegada, sem expressão no rosto. Juro que cheguei a ver o vai e vem da respiração. Porque tão sossegada não poderia ser ela. Se de facto ela tivesse respirado não me assustaria como seria normal, pois não me habituei a vê-la morta.
Não houve lágrimas. Houve até sorrisos nos que a recordaram. Alegre e de pé solto. Velha gaiteira. Viúva alegre. Boa. E feliz!
Marlene Silva
Homenagem à Ti Zulmira Gabina, que, de camarote, me viu crescer e me lembrava que eu era como a minha avó, a pessoa que eu mais amei no mundo
Há vidas assim... que são eternas, que nos marcam para sempre!
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