segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Conto Maravilhoso "A bruxa que procurava o amor" - Parte I

Era uma vez uma bruxa. Mas não uma bruxa qualquer. Era extremamente bela com os seus cabelos negros, muito lisos, que chegavam à cintura. A sua beleza era admirada por todos os que viviam na pequena aldeia. Sobretudo pelos homens, que eram também as suas principais vítimas. A bruxa concebia poções mágicas que lhes dava a beber e que os faziam apaixonar-se loucamente por ela. Não viam mais nada para além da sua beleza e viam nos seus defeitos as maiores qualidades. Deixavam as esposas, as noivas, as mães para implorarem pela atenção da bruxa, que nem os deixava passar da porta. Tornavam-se vagabundos por amor…

A bruxa enfeitiçava-os por mero gozo e para encher a sua vida vazia de amor e amigos. Sempre se afastaram dela – ou por inveja da sua beleza ou por receio dos seus poderes mágicos. Sonhava com um homem que a amasse, que visse nela mais do que ela própria, com quem formasse uma família feliz.

Vivia numa floresta perto da aldeia um velho sábio, cuja existência a bruxa fazia por ignorar, uma vez que ele, ao contrário dela, usava a sua magia para ajudar. Um dia, a bruxa acordou cansada, sem vontade de fazer maldades e apenas com um grande desespero no peito. Foi então que decidiu pedir ajuda ao velho – talvez ele lhe desse a receita de uma poção que resolvesse os seus problemas.

Ao vê-la, o sábio surpreendeu-se:

- Não és tu a bruxa da aldeia?

- Sim, sábio. Preciso da tua ajuda.

- Da minha ajuda? Já devias saber que eu não uso os meus poderes para fazer mal às pessoas.

- Não. Tu não compreendes. Eu não sou tão má como todos pensam. Estou vazia… vazia de amor.

- Claro que estás, minha filha. O amor é como uma planta, cultiva-se e alimenta-se e tu não o fazes.

- Sim, mas não tens nenhuma receita, nenhuma poção que eu possa dar a alguém para me amar de verdade?

- Não – enfureceu-se o velho. Tu procuras sempre o caminho mais fácil. Nunca encontrarás o amor assim. E também não é magoando os outros que vais preencher o vazio que sentes. Já olhaste bem à tua volta? Na aldeia, há pobreza, casais desavindos e crianças sem sonhos. Só cultivando o amor, encontrarás o amor.


... CONTINUA


Marlene Silva

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