sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PENE (ou a musa do cartaz)

Os olhos dele ganhavam vida quando se cruzavam com os dela. Esboçava-se um sorriso a que ela acedia em silêncio.

Todos os dias passavam um pelo outro. Ele, dizia-lhe bom dia, numa linguagem muda que só ela entendia. Ela respondia-lhe com um olhar intenso que valia mais que todas as palavras.

Não sei quantas vezes se cruzaram, não sei quantas vezes trocaram mensagens codificadas sem ninguém perceber. Só sei, aliás, acho que sei, que aquela rapariga era para ele uma espécie de musa. Dedicava-lhe frases amorosas, suspiros e inspirações. Estendeu-lhe o tapete vermelho só para ela passar. Ficou triste quando a levaram para longe... O espaço ficou vazio, algum tempo, e depois, dois metros e meio de pernas esculpidas vieram ocupar o lugar que antes pertencia a Pene, a musa do cartaz!


Paula Machado

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